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A Porta Estreita

“A vida nos Rangers era austera. Na verdade, muito rígida. Se havia duas maneiras de realizar determinada tarefa, sempre escolhíamos a mais difícil. Nunca tomávamos atalhos ou poupávamos esforços.”

O trecho acima foi retirado do livro Força Delta – A História da Unidade de Elite Antiterrorismo Norte-Americana, de Eric L. Haney. O autor foi um dos primeiros integrantes da unidade, concebida para fazer frente à onda de sequestros terroristas patrocinada pelo comunismo que se alastrou pelo mundo na década de 1960. Como todo relato autobiográfico aventureiro, fascina pelas situações extremas, pelo perigo diuturno, pela ação exaustiva. No caso específico, permite conhecer o ponto de vista de quem participou de eventos como o combate às guerrilhas latino-americanas e ao terrorismo no Oriente Médio, e sentiu na pele o impacto das decisões políticas – por exemplo, sobre o resgate de prisioneiros americanos da guerra do Vietnã.

Acima de tudo, o relato é permeado, nas entrelinhas, pelo modo de ser do povo americano, derivado das suas profundas raízes cristãs, responsáveis pela liderança mundial exercida por aquela grande nação. “Se havia duas maneiras de realizar determinada tarefa, sempre escolhíamos a mais dífícil” é, ao pé da letra, a obediência ao preceito de Cristo “entrai pela porta estreita”. Esta frase não é destinada apenas às almas reclusas afastadas do mundo; é um lema para soldados e alpinistas, diria Chesterton. Em Ortodoxia, o inglês comenta outra frase do Evangelho – “quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la, e quem quiser perdê-la vai salvá-la” – usando o mesmo raciocínio. Decisão, vontade e coragem são atributos do verdadeiro cristão.

Se há uma coisa que nós, brasileiros regidos pela lei de Gérson, temos que aprender é isto: o ensinamento de Nosso Senhor não é só para ser lido e meditado na quietude do templo ou na solidão do quarto; é também para nortear a nossa existência na rua, no trabalho e na família, é para ser praticado no dia a dia, na frente de batalha, em busca do bem comum. Senão, a incoerência entre pensamento e ação nos transformará em doentes mentais.

“Entrai pela porta estreita”, fuja da solução fácil e do comodismo, não viva esta vida passageira como se fosse eterna, busque a vontade de Deus. Caso contrário, enveredaremos pela “porta larga”, caminho certo para a perdição, porque não há uma terceira alternativa.

O autor termina o livro com um capítulo breve, intitulado “Após 11 de setembro de 2001”, tecendo considerações sobre o terrorismo. Escreve: “E a nossa primeira obrigação é entender uma coisa a nosso respeito: somos um povo bom e ético, e formamos a nação que é a esperança da humanidade – provavelmente sua última esperança.”

E conclui:

“Lembre-se, não é à toa que somos chamados de ‘a terra dos livres e o lar dos corajosos’.
Eric L. Haney,
Cidadão americano, soldado.”