Sete Alegrias

"Alegra-Te, Cheia de Graça…"

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Rumo a Cracóvia

A semana foi dominada pela repercussão da Jornada Mundial da Juventude, seja pelas consequências da entrevista coletiva do Papa Francisco na viagem de volta, seja pela divulgação dos números do evento, seja pelo entusiasmo contagiante dos participantes ao se dispersarem pelo mundo.

Pudemos ver de perto o sucesso do empreendimento sob todos os pontos de vista. Agora, jovens de todas as idades – porque a juventude vem de Deus – se animam para a próxima JMJ. Certamente terá um sabor especial, não só pelo papel histórico do país mas também pela força do pensamento daquela nação.

A intrincada mente dos poloneses sempre fascina. Karol Józef Wojtyła, Copérnico, Chopin e Marie Curie são apenas alguns exemplos da capacidade daquela gente. Uma vez comentei com um amigo, sacerdote e doutor em filosofia, da minha dificuldade em entender os escritos de João Paulo II, e ele me respondeu “eu também não entendo direito”. A ciência da computação é dominada pela notação polonesa, criada por Jan Lukasiewicz, a mesma usada nas calculadoras HP. Joseph Conrad, autor de Lord Jim, era de origem polonesa, e a sua arte reflete bem o modo de pensar daquele povo.

Em O Coração das Trevas, escrito em 1899 e que deu origem ao filme Apocalypse Now, dirigido por Francis Ford Coppola, o autor conta a história de um jovem, ausente da sua terra por uma longa temporada, período no qual lutou e conviveu com tribos primitivas. Ao retornar à civilização, tece as seguintes considerações:

“Achei-me de volta à cidade sepulcral, ressentindo a visão de pessoas com pressa nas ruas para roubar um pouco de dinheiro umas das outras, devorar sua infame cozinha, engolir sua cerveja insalubre, sonhar seus sonhos insignificantes e tolos. Atropelaram meus pensamentos. Eram intrusos cujo conhecimento da vida era para mim uma pretensão irritante, porque me sentia bastante seguro de que não tinham condições de saber as coisas que eu sabia. Suas maneiras, que eram simplesmente as maneiras de indivíduos comuns lidando com seus negócios na certeza da perfeita segurança, eram ofensivas para mim como a escandalosa empáfia dos tolos diante de um perigo que são incapazes de compreender. Não tinha nenhum desejo especial de iluminá-los, mas tinha alguma dificuldade em abster-me de rir nas suas caras tão cheias de estúpida importância.”

Eis o retrato da nossa época. A nós, que queremos a verdade e a coerência de vida para nós, para as nossas irmãs e para os nossos irmãos, resta meditar sobre a fonte da verdade e sobre a missão que nos é confiada. Vamos todos a Cracóvia, vamos todos à Fonte da juventude.

– Irei ao altar de Deus, do Deus que alegra a minha juventude. (Sl 42)