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O Pacto de Metz

Já antes do falecimento do ferrenho anticomunista Pio XII, ocorrido em 1958, Khrushchev procurava o apoio da Europa Ocidental e da Igreja por meio da sua política de “coexistência pacífica”, pois estava preocupado com o avanço da agressiva China vermelha. A sua intenção era dominar as Américas e precisava enfraquecer o duro discurso de Pio XII substituindo-o pelo famoso diálogo entre cristãos e marxistas.

Assim, enviados secretos soviéticos, a partir de 1957, mantiveram contatos cordiais com Siri, cardeal de Gênova, para verificar a possibilidade de estabelecer relações com a Santa Sé. Siri nada tentou com Pio XII, pois sabia ser inútil. Mas, em 1962, recomendou a João XXIII aceitar a boa vontade dos comunistas.

Por outro lado, João XXIII queria que todas as igrejas cristãs participassem do Concílio Vaticano II, cujo início se daria em outubro de 1962. Os titulares do Patriarcado de Moscou, sinceramente religiosos mas politicamente dependentes do Kremlin, haviam se dedicado, desde a eleição de João XXIII, a insultá-lo. Eles advertiam os demais patriarcas separados de Roma para não caírem no “canto de sereia” do Vaticano.  Por isso, causou surpresa quando, às vésperas do Concílio, altos representantes do Patriarcado de Moscou anunciaram a participação no evento.

Moscou havia feito um pacto com emissários do Vaticano.

O pacto – firmado em agosto de 1962, na cidade francesa de Metz, entre um representante da Santa Sé e um enviado do Patriarca Ortodoxo de Moscou – estabelecia que o Patriarcado participaria do Concílio enviando observadores e que a Santa Sé não formularia nenhuma condenação formal contra o comunismo. O acordo foi assinado pelo cardeal francês Tisserant, encarregado do Papa João XXIII, e pelo metropolita russo Nikodim.

Após a veemente condenação de Pio XII, que atribuíra o comunismo soviético à obra do demônio, o silêncio equivalia a uma tolerância. Nas atas do Concílio, aparecem as palavras capitalismo, totalitarismo, colonialismo mas não há nenhuma referência ao comunismo.

O pacto de Metz foi de suma importância para a estratégia soviética de ataque às Américas, feito a partir de Cuba, já então nas mãos de Fidel Castro. Hoje, sofremos na pele as consequências políticas e religiosas deste acordo. Foi uma grande vitória de Khrushchev sobre o ingênuo e bem-intencionado João XXIII, que, neste episódio, atuou com enorme cegueira histórica e estratégica. O papado de Paulo VI, iniciado ainda durante o Concílio, foi constrangido e marcado por esta nefasta aliança.

O pacto de Metz é uma das páginas mais negras da história da Igreja. Não ocorreu por acaso; Maria avisou em Fátima: “Cuidado com a Rússia”. Quem quiser estudá-lo não deve deixar de ler o livro Las Puertas del Infierno, de Ricardo de la Cierva.

Este triste acontecimento não pode ser esquecido pois os filhotes de Metz ainda estão por aí, barbarizando, e é nossa obrigação combatê-los. Além disso, como dizia o ensaísta americano George Santayana, quem não consegue se lembrar do passado está condenado a repetí-lo.