Sete Alegrias

"Alegra-Te, Cheia de Graça…"

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Fátima, 19 de agosto de 1917

No dia 13 de maio de 1917, Nossa Senhora apareceu a Lúcia, Francisco e Jacinta, três pastorinhos, em Fátima, Portugal. Pediu para a encontrarem naquele local todos os dias 13, até outubro. No dia 13 de agosto, entretanto, as crianças não puderam ir, pois haviam sido levadas presas à aldeia pelo administrador da região, uma espécie de prefeito. O administrador era maçom e inimigo da fé religiosa. Naquele ano, a maçonaria mundial completava 200 anos de fundação e desfilava em Roma com bandeiras negras mostrando o demônio esmagando São Miguel Arcanjo. Para entender a relação da maçonaria com a Igreja, leia o livro de dom Boaventura Kloppenburg, Igreja e Maçonaria, Conciliação Possível?

No domingo posterior, dia 19, por volta das 4 horas da tarde, Maria foi ao encontro das crianças. Como de costume, precederam-na relâmpagos, uma diminuição da intensidade da luz do sol e um súbito refrescar da temperatura.

“O que a senhora deseja de mim?” perguntou Lúcia. “Quero que continueis a ir à Cova da Iria, no dia 13, e que continueis a rezar o terço todos os dias.”

Lúcia pediu um milagre, para que acreditassem nas aparições. “Sim, no último mês, em outubro, farei um milagre para que todos creiam nas minhas aparições. Se não vos tivessem levado à aldeia, o milagre teria sido mais grandioso. Virá São José com o Menino Jesus para dar a paz ao mundo. Virá também Nosso Senhor para abençoar o povo. Virá ainda Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora das Dores.”

Lúcia pediu, então, a cura de alguns doentes. “Sim, alguns curarei durante o ano.” E, tomando um aspecto muito triste, a Mãe de Deus acrescentou: “Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, pois vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas.” Em seguida, despediu-se e, elevando-se na direção do nascente, desapareceu.

Duas frases se destacam neste diálogo: “Se não vos tivessem levado à aldeia, o milagre teria sido mais grandioso” e “vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas”.

No dia 13 de outubro, a Virgem fará o sol dançar por mais de 10 minutos, frente a uma multidão de 70 mil pessoas. Não dá nem pra imaginar o que teria feito se não estivesse magoada com as autoridades. Qual seria o milagre grandioso? Instintivamente, pensamos: que grandiosidades Deus faria na nossa vida se não procedêssemos tão mal!

Nós nos esquecemos de rezar e nos sacrificar pelos nossos irmãos porque estamos acomodados nas nossas coisinhas, tentando juntar dinheiro, e não nos lembramos de que estamos neste mundo de passagem e já já daremos contas a Deus. Os outros não nos preocupam, afinal, não é “cada um por si e Deus pra todos”? Frase filha de outra, mais antiga “Por acaso sou guarda-costas do meu irmão?” Ambas blasfemas, ambas homicidas.

As autoridades trataram mal as crianças, e nós deixamos a nossa caridade esfriar. No fundo, as duas frases de Nossa Mãe são parecidas, são críticas ao nosso desamor. A aparição de agosto nos impele, uma vez mais, à busca pela santidade pessoal, sem a qual a vida é uma mentira inútil.

– “No entardecer da vida, sereis arguidos sobre o amor” (São João da Cruz)