Sete Alegrias

"Alegra-Te, Cheia de Graça…"

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Práticas de Piedade

Muitas pessoas desejam viver a vida religiosa mais profundamente mas não sabem como. Para evitar transformar a religião em mero sentimentalismo, vagos desejos de melhora pessoal e de busca da verdade, existem as práticas de piedade cristã, tradicionais na Igreja e aprovadas e comprovadas pelos santos ao longo dos séculos.

A primeira delas é o oferecimento do dia: trata-se simplesmente de elevar o pensamento a Deus ao acordar para agradecer pela vida e oferecer todos os atos daquele dia.

Em seguida, muita gente costuma, ainda pela manhã, fazer alguns minutos de oração. Oração significa simplesmente conversar com Deus, em silêncio. Pode ser no seu quarto, numa igreja ou em outro local qualquer que resguarde o recolhimento. Alguns preferem orar à tarde. Outros, um pouco de manhã, um pouco à tarde. Não importa. O que importa é seguir o exemplo da vida de oração de Cristo.

Ainda pela manhã, é tradicional a leitura do Evangelho. É a melhor forma de conhecermos a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Basta alguns minutos de leitura e meditação por dia, pois o conteúdo dos Evangelhos é muito rico.

Ao meio-dia, reze a antiquíssima oração do Ângelus, uma homenagem a Maria. Você pode obter esta prece facilmente na internet. Também não vai tomar muito o seu tempo.

A leitura espiritual é outra importante prática para crescer no conhecimento da doutrina e na vida de piedade. Pode ser uma biografia de um santo, um livro sobre virtudes, um estudo sobre milagres, sobre as aparições de Maria, o Catecismo, material não falta, basta escolher um tema do seu interesse, dê preferência aos clássicos. Marque no relógio uns dez minutos, não precisa mais. Por uma questão de distribuição ao longo do dia, você pode fazer a leitura à tarde.

O terço é outro costume católico de longa data. Em todas as aparições recentes, Maria tem nos pedido para rezar o terço. Talvez porque seja uma oração que pode ser rezada por qualquer pessoa, sob diversas circunstâncias. Também pela pedagogia divina embutida numa oração repetitiva e simples. Muita gente gosta de rezar o terço em família.

Do ponto de vista do crescimento pessoal, o exame de consciência, no fim do dia, é a prática mais importante porque é o momento de analisar o nosso dia, ver o que fizemos de bom e de ruim, o que podíamos ter feito melhor, descobrir as nossas omissões e tirar algum propósito de melhora. Só diante de Deus podemos ser totalmente sinceros pois Ele tudo vê e tudo sabe, e a sinceridade com Deus é a única forma de deixarmos de mentir para nós mesmos. A mentira para si mesmo é o caminho seguro para a neurose (cfr. Olavo de Carvalho), e por isso o exame de consciência é a prática de piedade garantidora da saúde mental.

Ao lado destas práticas, não podemos esquecer da Santa Missa (de obrigatoriedade dominical) e da Confissão, o sacramento da misericórdia de Deus (é melhor passar um pouco de vergonha agora na frente do padre do que ser condenado no dia do juízo – na frente de Deus não vai tem conversa mole!). Muitas pessoas se esforçam para assistir a Missa não só aos domingos mas também durante a semana. Outros procuram se confessar pelo menos uma vez por mês.

Se você não tem tempo de ir à Missa, não custa nada conhecer outra prática católica: a visita ao Santíssimo Sacramento. São apenas alguns momentos de adoração ao Deus feito Pão, presente em todos os Sacrários do mundo por amor a você.

Um modo de dar início a estas práticas é escolher uma – umazinha só! – aquela que mais impacto vai causar na sua vida e mais benefício vai trazer a você. Coloque-a em prática durante algum tempo, até ser incorporada no seu dia a dia. Depois, escolha outra, e assim por diante. O importante é não cair nos extremos: nem desanimar porque não consegue fazer o que planejou, nem usar esta lista como uma folha de deveres cumpridos ou de condecorações, uma relação de troféus e títulos para esfregar na cara de Deus.

Acima de tudo, lembre-se da frase de Mateus, 24, 13:

– “Aquele que perserverar até o fim, esse será salvo.”

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Clamo a ti: Rosa, Rosa!

Na festa de Nossa Senhora do Rosário, vale a pena recitar os versos compostos pelo beato Herrmann-José, místico dos séculos XII e XII:

Alegra-te, minha bela,

Clamo a ti: Rosa, Rosa!

Linda, especiosa, formosa,

Mais rica de amor que as outras,

Ninguém a iguala entre as outras.

Lúcia, a vidente de Fátima, indagada o motivo pelo qual Maria mandava rezar o Rosário, deu uma resposta tipicamente portuguesa:

– Não sei, pois ela não me disse… nem me ocorreu lhe perguntar.

E acrescentou:

– Talvez pela facilidade de se rezar o Rosário em qualquer lugar, qualquer horário, qualquer circunstância, por qualquer pessoa.

Como quer que seja, em todas as aparições recentes, a Mãe de Deus pede para rezarmos esta repetitiva oração – talvez porque a repetição leve à maestria.

Em 13 de julho de 1917, na aparição em que mais falou com as crianças, a Virgem disse:

“Continuem a rezar o terço em honra de Nossa Senhora do Rosário para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer.”

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Fátima, 13 de Setembro de 1917

No dia 13 de maio de 1917, Nossa Senhora apareceu a três pastorinhos – Lúcia, Francisco e Jacinta – em Fátima, Portugal. Pediu para que comparecessem naquele local todos os dias 13 dos meses seguintes, até outubro, quando diria quem era e o que queria.

Aos poucos, a notícia foi se espalhando e o número de pessoas presentes nas aparições foi crescendo. No dia 13 de setembro dezenas de milhares de pessoas se aglomeravam na Cova da Iria, local das visões. Quando saíram de suas casas, repletas de gente, naquela manhã, as três crianças iam cercadas de crentes e não crentes, curiosos e devotos, muitos dos quais pediam às crianças a intercessão da Virgem: a cura de doentes, o arrependimento de pecadores, o retorno dos filhos e maridos enviados à guerra; muitos se ajoelhavam, gritavam de longe, imploravam.

Lúcia, muito tempo depois, disse: “Quando agora leio no Novo Testamento essas cenas tão encantadoras da passagem de Nosso Senhor pela Palestina, recordo estas que tão criança ainda Nosso Senhor me fez presenciar nesses pobres caminhos e estradas de Aljustrel a Fátima e à Cova da Iria e dou graças a Deus oferecendo-Lhe a fé do nosso bom povo português e penso se esta gente se abate assim diante de três pobres crianças só porque a elas é concedida misericordiosamente a graça de falar com a Mãe de Deus, que não faria se visse diante de si o próprio Jesus Cristo?”*

Ao chegar ao destino, Lúcia rezou o terço, acompanhada pela multidão. Ao meio-dia, muitos viram um globo de luz se aproximando. Como das outras vezes, a temperatura amainou e a luz do sol diminuiu sensivelmente. Lúcia logo perguntou a Maria o que ela desejava. Nossa Senhora respondeu:

– Continuem a rezar o terço a Nossa Senhora do Rosário, todos os dias, para alcançarem o fim da guerra.

E insistiu para não faltarem ao encontro do mês seguinte. Ante o pedido de Lúcia para curar os doentes, disse:

– Alguns curarei, outros não, porque Nosso Senhor não se fia neles.

Ou seja, o milagre não aconteceria por falta de disposições suficientes. A outros, entretanto, a doença faria mais bem do que a cura, pois Deus tem sempre a visão da eternidade, e dispõe todas as coisas para o benefício eterno das almas.

Lúcia pediu um milagre, para todos acreditarem nela.

– Sim, em outubro farei um milagre para que todos acreditem.

– Umas pessoas deram-me duas cartas para a Senhora e um frasco de água de colônia.

– Isso de nada serve para o Céu!

Em seguida, despediu-se e começou a se elevar. Lúcia gritou:

– Se querem vê-la, olhem para ali!

Muitos puderam rever o fenômeno antes notado. Finda a aparição, as crianças foram sufocadas de perguntas.

“Foi com dificuldade que os pais conseguiram reconduzi-las às suas casas, que encontraram de novo literalmente cheias de gente. E as perguntas não deixaram de chover até que a noite veio cobrir com o seu manto de silêncio e de paz o rústico lugarejo de Aljustrel.”*

* Era Uma Senhora Mais Brilhante Que O Sol – Padre João M. de Marchi

O Santo Nome de Maria

Hoje comemoramos a festa do Santo Nome de Maria. A tradução abaixo foi feita a partir do texto publicado no site RosaryChurch.net.

Homilia: O Santo Nome de Maria

Por São Bernardo, Abade e Doutor

“E o nome da Virgem era Maria.” Vamos falar um pouco sobre este nome, que dizem significar “estrela do mar”, e que cai tão bem para a Virgem Mãe. Ela é, corretamente, comparada a uma estrela. Como uma estrela emite raios de luz sem perder o seu brilho, assim a Virgem nos deu o seu Filho sem sofrer nenhuma perda. O raio de luz não tira nada do brilho da estrela, nem o Filho da integridade virginal da Sua Mãe. Ela é a estrela nobre nascida de Jacó, cujo raio ilumina todo o mundo, cujo esplendor brilha nos céus, penetra nos abismos e, transpassando toda a terra, dá calor, mais às almas do que aos corpos, fomentando virtudes e ajudando a combater os vícios. Maria é aquela estrela brilhante e incomparável, aquela que precisamos ver levantada acima do vasto mar, brilhando por seus méritos e nos iluminando pelo seu exemplo.

Todos vocês, que se vêem presos às amarras do mundo, mais sacudidos pelas tempestades e vendavais do que andando em terra firme, não tirem os olhos desta estrela brilhante, a menos que queiram ser arrastados pelo furacão. Se a tentação assaltar você, se você tropeçar nas rochas da tribulação, olhe para a estrela: chame por Maria! Se você for envolvido pelas ondas do orgulho ou da ambição, deserção ou inveja, olhe para a estrela, chame por Maria. Se o ódio ou a cobiça ou os desejos sensuais colidirem contra o navio da sua alma, volva os olhos para Maria. Se inquieto pela enormidade dos seus crimes, envergonhado pela sua consciência culposa, aterrorizado pelo medo do julgamento, você começar a naufragar nas profundezas da tristeza ou no abismo do desespero, pense em Maria. Nos perigos, nas angústias, na dúvida, pense em Maria, chame por Maria. Deixe o nome dela sair dos seus lábios, traga-o sempre no seu coração, e, para melhor obter a ajuda das suas orações, imite o exemplo da sua vida: “Seguindo ela, mesmo não tendo se extraviado; invocando ela, embora não esteja desesperado; pensando nela, apesar de não ser um divagador; seguro por ela, apesar de não ser aquele que mais cai; defendido por ela, apesar de não ser o mais medroso; guiado por ela, apesar de adulto e experiente; favorecido por ela, apesar de ter atingido a meta. E assim você experimenta em você mesmo como é bom ouvir aquela saudação: ‘E o nome da Virgem era Maria’”.

*

A Igreja festeja as inúmeras ocasiões em que, tendo invocado o nome de Maria, recebeu a proteção dos céus por meio dela. Durante o pontificado do Papa Inocêncio III, São Domingos de Gusmão estabeleceu a Ordem dos Pregadores para combater a heresia dos Albigenses, segundo a qual todas as coisas materiais são más. Ele treinou os seus sacerdotes para viver uma vida santa, para usar as suas mentes e para rezar o Rosário. Em 12 de setembro de 1213, as forças cristãs sob o comando de Simão de Monforte obtiveram uma vitória decisiva sobre os hereges em Muret, sul da França. Igualmente, no primeiro domingo de outubro, a Igreja relembra a vitória das forças navais cristãs sob o comando de Dom João da Áustria contra a frota de mais de 300 navios de turco otomano Selim II em 1571. Novamente, em 12 de setembro de 1683, após uma marcha forçada iniciada na Polônia em 15 de agosto, festa da Assunção, John Sobieski derrotou os 300 mil invasores muçulmanos que sitiavam Viena. E, mais uma vez, em 5 de agosto de 1716, sob a proteção de Maria, Nossa Senhora das Neves, o príncipe Eugênio atribuiu a ela a vitória em Petrovaradin; logo em seguida, levantou o cerco de Corfu e mais tarde recuperou Belgrado. A festa do Santo Nome de Maria foi inscrita no calendário da Igreja Universal pelo Papa Inocêncio XI “como um memorial perpétuo da grande benção daquele sinal de vitória obtida em Viena, Áustria,sobre o tirano turco que massacrava o povo cristão”.