Sete Alegrias

"Alegra-Te, Cheia de Graça…"

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Fim de linha

Caras leitoras, caros leitores,

Este é o último post deste blog, que chegou ao fim por absoluta falta de recursos financeiros.

Agradeço a vocês pelo carinho e pela atenção que dispensaram às minhas pobres palavras.

Muito obrigado, de coração.

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“Fazei tudo o que Ele vos disser”

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Mulher Moderna

A mulher moderna é uma mulher dividida. Por um lado, tem a natural vocação de esposa, mãe e dona de casa. Por outro, a legítima vontade de colocar em prática todos os ensinamentos recebidos da educação escolar e de contribuir para o orçamento familiar. Sente-se, assim, puxada para ambos os lados pela falta de tempo para atender a tantas solicitações. Sente-se culpada, esticada, dilacerada e estressada.

Para complicar ainda mais, o feminismo veio para arregaçar. Originado da mentalidade de revolta – tão antiga quanto o mundo -, veio para colocar a mulher contra o homem. Ao velho “não servirei” de satanás, acrescentou as teorias de Marx, Fromm e Marcuse. Trouxe o feminismo algum benefício para a mulher? Sem dúvida, mas muito mais teria feito se tivesse ficado quieto. As conquistas femininas teriam sido muito maiores e mais rápidas.

Vou dizer para você o que o feminismo deu à mulher: dupla jornada de trabalho, ataque cardíaco, depressão, pressão alta, aborto, divórcio, estresse, filhos sem pai, homicídio e suicídio. Os governos adoraram o feminismo (dobrou o número de contribuintes), bem como os maus empresários (dobrou a força de trabalho, com a consequente diminuição da remuneração). Na esteira da dissolução das famílias, trouxe também as drogas. Mais ainda: trouxe a pressão social para que a mulher trabalhe fora, seja independente, e nivelou por baixo a conduta sexual (“Se o homem pode ser porco, por que a mulher também não pode?”).

No embalo de tão belos pensamentos, o feminismo ganhou força graças a uma mentira. A pílula – o grande símbolo da “liberdade” feminina – foi inventada na década de 1950 mas só na década de 1960 chegou comercialmente às massas. O controle da natalidade, até então nas mãos do homem, passou para a mulher, mas da pior maneira possível. Ela podia tomar a pílula escondida, ou seja, podia mentir para o parceiro. O feminismo é baseado na mentira.

Face a tão belo quadro, todos nos perguntamos o que pode ser feito.

Em discurso dirigido às participantes do 29° Congresso Nacional do Centro Italiano Feminino, o Papa Francisco deu a receita, a mesma de sempre. A mulher deve buscar a sua vocação por meio do diálogo com Deus, da atenção à sua Palavra e da frequência aos Sacramentos. Maria, forte protagonista do primeiro milagre de Cristo, do Calvário e de Pentecostes, é o exemplo do significado e do papel da mulher na sociedade. Em outras palavras, exatamente o oposto do que prega a ideologia de antagonismo entre a mulher e Deus, entre a mulher e o homem.

O demônio é esperto. Sabe que, caída a mulher, toda a sociedade desmorona. No Paraíso, tentou Eva porque sabia que ela conseguiria enganar Adão, mas o inverso não era verdadeiro – Adão jamais teria conseguido enganar Eva. Hoje, como ontem.

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Inês

Hoje é dia de Santa Inês, mártir do século IV. Era muito bonita e por isso não lhe faltavam pretendentes; ela, entretanto, havia decidido consagrar a virgindade a Deus. Um nobre preterido a denunciou. Na época, o cristianismo era proibido.

Levaram-na para um prostíbulo, mas a sua longa cabeleira a ocultou e um anjo a protegeu. Não foi tocada por ninguém. De volta à corte imperial foi indagada sobre a sua religião. Ao confessar que era cristã, deixou ali mesmo a vida, abatida por um soldado.

Inês é um marco na história do cristianismo e na história da mulher. Depois dela, as mulheres começaram a ser tratadas com mais dignidade. Mais do que Maria, foi ela o ponto de inflexão.

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Divina Inveja

Na Eternidade, Deus Pai olha com amor para Si mesmo e este olhar de amor origina o Deus Filho, e os dois Se olham e o Seu olhar de amor origina o Deus Espírito Santo. Mais não digo, pois, como Riobaldo, “nessas altas idéias navego mal”.

No Paraíso, Deus criou o homem e, estando ele muito solitário, criou a mulher para lhe fazer companhia, e lhes deu o amor, e, com o amor, a capacidade de também darem origem ao filho.

E o filho e a mãe se olham e se amam, num amor especial, sobre o qual também mais não sei dizer.

E Deus, senhor do tempo, vendo o amor de todas as mães e de todos os filhos – vendo você, cara leitora, mãe, vendo você, caro leitor, filho – sentiu uma divina inveja. E disse Deus, em uníssono (um só Deus, em três pessoas):

– Ei, peralá, tem algo muito errado aqui, este negócio de mãe é muito bom, eu também quero! Preciso dar um jeito nisso, afinal de contas, quem é que manda aqui?

E, chamando imediatamente Gabriel, falou:

– Tenho uma missão para você.

(…)

– Alegra-Te, Cheia de Graça, eis que darás à luz um menino…

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Procuram o Menino para Matar

José adormeceu sorrindo, pensando nos alegres e recentes acontecimentos: o nascimento do Bebê Jesus, a alegria da sua esposa, a homenagem dos reis magos, o coro dos anjos. Toda a criação rendia glória ao seu filho, até o boi e o burro, até a natureza inanimada, até a estrela do oriente.

Mas, no meio da noite, surgiu a mensagem terrível e urgente trazida pelo anjo:

– Pega o Menino e Sua Mãe e foge! Herodes vai procurar o Menino para matá-Lo!

A reação de José, como sempre, foi de paz e obediência.

Este espisódio, à luz do nosso mundo, do mundo moderno, caracterizado pela rebeldia, parece ainda mais insólito. O homem de hoje, no lugar de José, certamente diria “um momento, não é este o Filho de Deus, o Verbo Incarnado, como assim, fugir? Pelo contrário, vamos já providenciar um bom esquadrão de anjos vingadores e dar uma lição nesse Herodes”.

Este é o pensamento da sociedade atual, da qual fazemos parte, e não é verdade que muitas vezes pensamos assim frente às contrariedades? Não queremos dar ordens a Deus e ditar a ordem dos acontecimentos? Já paramos para analisar a má influência da mídia de massa, do sistema educacional e da indústria cultural – instituições maciçamente dirigidas por inimigos de Deus – na nossa formação? Já avaliamos quantas rebeldias foram plantadas dentro de nós por estes inimigos da fé? Já sentimos dentro de nós o orgulho, a inveja, o despeito, todos estes vapores borbulhando, prestes a explodir frente à menor contrariedade, um incidente no trânsito, um comentário no seio familiar?

José sabia que a sua vida era uma missão, empreitada de amor concebida por Deus, e, tanto quanto ele, todos nós – eu e você – temos uma missão, única, exclusiva, irrepetível e intransferível.

“Ah, mas a tarefa de José era diferente, era cuidar do Filho de Deus, e a minha vida é insignificante…”

Este é mais uma das armadilhas da vida moderna – a arapuca do brilho, da vanglória, da ostentação –, uma bomba-relógio colocada na sua cabeça para explodir quando você se estiver em uma encruzilhada, decidindo entre o bem e o mal. Que sábio pode saber o valor de uma vida? Se for realmente sábio, terá esta pretensão?

Pela sua obediência, José mereceu o mais alto dos céus, ao lado da sua esposa muito amada, a Virgem Maria, a Mãe de Deus. Quem diz isso não sou eu, não. São palavras emanadas da boca de Nosso Senhor Jesus Cristo:

– O que Deus uniu, o homem não separe!

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Aos homens de boa vontade

No princípio, Deus criou o céu e a terra. Criou porque é Amor, e o Amor é criador. Fez um jardim de delícias e nele colocou homem e mulher. Mas as criaturas renegaram o Amor e foram expulsas do paraíso quando o pecado se instalou em seus corações. Danou-se!, como dizem os baianos. Na Sua infinita misericórdia, Deus se compadeceu e deu uma segunda chance ao homem, enviando o Seu Filho Único para redimir o pecado.

Na noite de Natal, Maria, calada, tudo observa e tudo conserva em seu coração. A Virgem pariu sem dor, o Bebê não chora, sorri. José, silencioso, também nada fala.  Os reis magos, na cena da manjedoura, também se calam. Até o boi e o burro ficam quietinhos. Tudo é envolvido em profundo silêncio, como que para realçar a mensagem dos pastores transmitindo o louvor da milícia celeste: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.

Glória a Deus nas alturas restabelece a verdade, o lugar do homem na criação, o sentido da vida, o sentido de cada uma das nossas vidas, da minha e da sua, o norte da nossa existência, a busca diária e diuturna pelo paraíso perdido.

Paz na terra aos homens de boa vontade. Um ditado diz “o inferno está cheio de boas intenções”. Muito pelo contrário, não há nenhuma boa intenção no inferno, apenas o ódio dos anjos caídos e a dor das almas condenadas e a indiferença delas entre si. As pessoas desejosas de paz no coração só têm um caminho, a retidão de intenção na busca da glória de Deus. O resto – o sonho dourado da comodidade, do bolso cheio, da barriga mais cheia ainda, dos aplausos, da conveniência – é moeda falsa. Cristo sempre realçou a intenção das pessoas. Em muitas ocasiões, disse: A tua fé te salvou. No episódio da pobre esmola da viúva, enalteceu: ela deu mais do que todos os outros. Seja no agir, no contemplar ou  no sofrer, o querer faz toda a diferença. Cristo nos deu o exemplo: agia pelo Pai, contemplava os lírios do campo como reflexo do Pai, e, na cruz, sofria por obediência ao Pai.

Particularmente de nós, brasileiros de uma época e sociedade esquecidas de Cristo, onde a malícia pode ser sentida em cada mentira amparada pelas mais perversas criações da segurança do homem no mundo, ditadas por satanás, o sacrifício exigido por Cristo é mantermos a boa vontade, a pureza de intenções em meio a demônios, não há outra saída, o cristianismo não dá soluções fáceis.

Toda esta história, crida por nós, cristãos – mais ainda, da qual somos participantes! – é uma história fantástica e absurda, tão fantástica e absurda que não pode ter sido concebida por mentes humanas, é uma história de santos e milagres, e o homem, ou os homens, que a inventassem precisariam ser santos para elaborá-la. E, se santos fôssem, não inventariam nada, não mentiriam.

Só nos resta meditar no imerecido dom da fé num Deus que se humilhou a ponto de nascer numa manjedoura porque não havia outro lugar para Ele. Da sua pobre acomodação, num mundo envolto em silêncio, o Bebê Jesus sorri.

Sorri para transmitir a Sua alegria, para que a Sua alegria esteja em nós, e a nossa alegria seja completa.

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No Trono do Amon Hen

Com O Anel no dedo, Frodo corria colina acima, deixando para trás Boromir e o seu cego desejo de se apoderar da jóia. Como o Pomo da Discórida, O Anel lançara a intriga, a inveja e a ambição no seio da Confraria dos Nove. Cansado, chegou ao topo do Amon Hen e sentou-se no Trono da Visão, na Colina do Olho dos homens de Númenor. Viu muitas imagens e, por todos os lados, sinais de guerra, orcs saindo de mil tocas, lutas entre elfos e homens e animais cruéis, cavaleiros galopando em Rohan, navios de guerra saindo dos portos de Harad; todo o poder de Senhor do Escuro estava em ação. O seu olhar foi atraído para o leste, contra a sua vontade, passando por pontes arruinadas e portões escancarados, chegando até o vale do terror em Mordor e então ele viu a temida Barad-dûr, a fortaleza de Sauron, e de repente, sentiu a presença do Olho que nunca dormia. Frodo sabia que ele tinha percebido o seu olhar. O Olho saltou, ávido e ferroz, à procura dele, e vinha, inexoravelmente, avançando reino por reino, amurada sobre amurada, logo saberia exatamente onde ele estava. Ouviu a si mesmo dizendo “Nunca, nunca!” ou seria “Sim, irei até você”?

Entretanto, como um relâmpago, outro pensamento veio-lhe à mente: “Tire-o! Tire-o! Tire O Anel!” As duas forças, o mal e o bem, lutavam dentro dele.

*

Vinha chegando o Natal, e duas forças lutavam dentro de José. O seu amor por Maria o retinha, a inexplicada gravidez o encucava. Não duvidava da sinceridade de Maria, mas não podia aceitar um filho que não era seu. Após muito refletir, revolvera abandonar a sua amada, atitude que marcaria Maria como uma mulher estigmatizada e jogaria a culpa sobre ele, tornando-o, aos olhos do povo, um desertor, um crápula incapaz de arcar com a responsabilidade. Já estava decidido quando um anjo lhe apareceu num sonho e esclareceu a situação. O anjo fez mais ainda, deu instruções precisas sobre a sua missão: “Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus”.

Os fatalistas quererão minimizar a importância de José dizendo que ele foi obrigado a fazer isto, como Maria foi obrigada a ser Mãe de Deus, como nós somos obrigados a fazer o que fazemos, não temos escapatória, nem poder de decisão, nem possibilidade de fazer o bem nem o mal, as coisas simplesmente acontecem, somos condicionados pelas circunstâncias, não existe liberdade, só o determinismo cego.

Nosso Senhor Jesus Cristo, porém, define as coisas de outra maneira. No julgamento final, seremos separados à sua direita e esquerda, condenados ou conduzidos à glória, segundo as decisões que tenhamos tomado. “Tive fome, e Me destes de comer, …” E perguntaremos “Senhor, quando isto aconteceu?”

“Tudo o que fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequeninos, foi a Mim que o fizestes.”

Somos nós quem decidimos entre fazer o bem ou permanecer indiferentes à desgraça alheia – a indiferença, a grande inimiga do amor, exatamente o oposto da caridade, a frieza do coração, muito pior do que o ódio mais impenitente. O bem que deixamos de fazer só será conhecido no fim dos tempos, e nos envergonhará muito mais do que o mal que porventura tivermos feito, porque nem para isto – para fazer o mal – temos força.

José podia ter dito não, como nós muitas vezes dizemos. Mas, sendo justo, acordou do angélico sonho e fez como lhe ordenara o anjo.

*

– Tire-o! Tire-o! Tire-o, tolo! Tire O Anel!

E Frodo, tomando consciência de quem era, lembrou que era livre, era o dono do seu destino, e que tinha, ainda, um último instante para exercer a sua liberdade. Tirou O Anel. Uma sombra negra passou por ele, tateando na direção do oeste. Tomado de grande cansaço, mas com disposição firme, falou em voz alta:

– Agora, farei o que devo fazer.

***

Nó Górdio

Segundo a lenda, quem conseguisse desatar o complicado nó feito em homenagem a Górdio, soberano da Frígia, se tornaria o novo rei. A tarefa se mostrou impossível. Entretanto, Alexandre, o Grande, após analisar o intrincado empreendimento, puxou a espada e resolveu o problema. De fato, a profecia se mostrou verdadeira e Alexandre foi o maior conquistador do mundo antigo.

Dia 12 nós comemoramos a festa de Nossa Senhora Desatadora dos Nós. Este título foi atribuído a Maria devido a uma pintura do alemão Johann Schmidtner. A obra foi pintada em 1700, aproximadamente, e fica em exposição na cidade de Augsburg, Alemanha. Por sua vez, o artista se inspirou na frase de Santo Irineu “Eva, pela desobediência, atou o nó da desgraça para o gênero humano; Maria, por sua obediência, o desatou”.

A devoção popular vê em Maria a nossa ajuda para desatar os nós, resolver os problemas, transpor as dificuldades, vencer os impedimentos. (É muito bom ter uma Ajudante assim, mas melhor ainda é seguir a ordem da Mestra: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.)

Analogamente à lenda, o verdadeiro nó da existência humana – o pecado – foi desatado por uma espada de dor que transpassou a alma da Co-Redentora. A profecia também se cumpriu com a Rainha da Criação:

“Eis que todas as gerações me chamarão bem-aventurada”

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A Face de Maria

Você já viu o rosto de Nossa Senhora? Quer ver? É fácil: olhe para a imagem gravada no manto do índio Juan Diego. Está na Cidade do México, e é conhecida como Nossa Senhora de Guadalupe.

Foi em 1531. Juan Diego ia para a Cidade quando a Virgem apareceu e lhe pediu para procurar o bispo e dizer a ele que Nossa Senhora queria a construção de uma capela em sua homenagem. Juan Diego foi imediatamente falar com o bispo, mas não recebeu muita atenção.

No caminho de volta, foi novamente interpelado por Maria, que insistiu no pedido. No dia seguinte, nova conversa com o bispo; este, já impaciente, disse para Juan Diego obter uma prova concreta do pedido, um sinal da Aparição.

O índio contou para a Virgem o diálogo com o bispo, e Maria disse para ele encontrá-la naquele local no dia seguinte, quando providenciaria o sinal.

Naquela noite, porém, o tio de Juan Diego passou mal, e previa-se o pior. O índio foi logo cedinho buscar ajuda, mas por outro caminho, para evitar a Mãe de Deus. No desvio, Maria esperava por ele; o índio disse não poder atendê-la no momento, pela urgência da doença do tio.

“Não sou eu a tua Mãe? Não estás sob meu manto e sob a minha proteção? Não te preocupes com o teu tio, eu cuido dele”, e naquele exato momento o doente foi curado.

Nossa Senhora pediu para Juan Diego subir no alto da montanha e encher o manto com rosas castelhanas – inexistentes nas Américas. Era 12 de dezembro de 1531, solstício de inverno, época impossível para floradas. Ele encheu o manto com as rosas e se dirigiu à Cidade.

Quando Juan Diego desenrolou o manto aos pés do bispo não foram só as rosas que causaram surpresa: no manto, havia sido miraculosamente gravada a imagem de Maria.

A imagem estava repleta de ícones indígenas e, por isso, os nativos, até então impermeáveis à doutrina cristã, acreditaram imediatamente na nova religião. La Virgen Morenita era uma imperatriz, pois usava um manto azul, cor reservada apenas ao imperador. A desobediência era punida com a morte. O modo como os cabelos estavam ajeitados indicavam uma donzela, mas a cinta sobre a barriguinha indicava gravidez (uma virgem grávida!) –  e não uma gravidez qualquer: no ventre, um símbolo representava o universo. Estava grávida do criador do universo! Aparecia na frente do sol, pisando a lua (uma lua escura, pois naquele ano houvera um eclipse lunar). Na mitologia local, sol e lua tinham muita importância e duelavam pelo poder. Estes e outros símbolos fizeram com que os habitantes tratassem a imagem como um sinal sobrenatural. A população acorreu em massa para ver a imagem; todos queriam adotar a nova fé e pediam o batismo, e era tanta gente que os sacerdotes escreveram ao Vaticano pedindo instruções sobre como batizar multidões.

Outras surpresas recentes: com o auxílio de microscópios, descobriu-se imagens minúsculas nos dois olhos de Maria – eram as pessoas que estavam na sala no momento do milagre. Mais: o manto é feito de um material frágil, cuja decomposição ocorre em poucos anos – este, no entanto, já dura quase 500 anos. Mais ainda: um ataque acidental por ácido manchou-o, sem, no entanto, conseguir afetar a imagem – e a mancha vem desaparecendo com o tempo. Ainda mais: um incêndio afetou o altar onde o manto estava exposto, extinguindo-se misteriosamente bem rente a ele; candelabros e cruzes metálicas ficaram retorcidas, mas a imagem não sofreu o mais mínimo dano. E mais: as estrelas no manto têm a posição exata do firmamento daquele dia – mas aparecem como que vistas do céu, e não da terra. Por fim: até hoje não se conhece o processo usado para “pintar” a imagem.

Se você quiser ver tudo isto com os próprios olhos, é fácil, basta ir à Cidade do México. Lá você verá a verdadeira face de Maria, gravada no manto do índio Juan Diego. Todos os dias, esta imagem recebe multidões que não se cansam de rezar à Mãe de Deus. Vá lá e faça também a sua prece.

E, se não for pedir muito, reze uma Ave Maria por mim.

Eu sou a Imaculada Conceição

O que nos leva à ignorância, à revolta e à maldade? Quem tem o verdadeiro entendimento da realidade das coisas? Quem pode olhar na face do mal sem revolta ou desespero?

Na aparição de Lourdes, Nossa Senhora conversava com Bernardete quando um demônio se intrometeu murmurando inconveniências para atrapalhar o diálogo. Maria, desviando a vista, e sem pronunciar uma palavra sequer, lançou um olhar de censura na direção do demônio, que se calou imediatamente.

Só a Nossa Mãe e Mãe de Deus, dentre todas as criaturas, foi preservada do Pecado Original, este maldito visgo que nos prende e entorpece. Por isso, foi a única realmente feliz e é a única que sabe de tudo. Quem quer que queira conquistar a felicidade e ter o pleno conhecimento da realidade última das coisas deve olhar para a Sede da Sabedoria procurando descobrir a essência do pecado.

Desde a mais tenra idade, olhava o mundo e a humanidade procurando compreender porque todos nós batemos cabeça, até o dia em que lhe foi anunciada a sua missão. Perturbada com a aparição, o anjo a acalmou: Não te assustes, Maria, ao contrário…

– “Alegra-te, cheia de graça…”

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“Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”

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