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Imobilismo

Em Lc 16, 25 há uma frase enigmática.

“Filho, lembra-te que tu recebeste teus bens durante a vida (…)”

É a frase de Abraão dirigida a um homem rico que foi parar no inferno. Deus havia dado a ele o pagamento durante a vida porque não poderia dar-lhe a recompensa eterna.

É irmã de uma outra, de Nosso Senhor Jesus Cristo (Lc 6, 24-6):

“Mas ai de vós, ricos! porque já tendes a vossa consolação.

“Ai de vós, os que estais fartos, porque tereis fome.

“Ai de vós, os que agora rides, porque vos lamentareis e chorareis.

“Ai de vós quando todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas.”

Então as coisas boas são, necessariamente, uma danação?

Não, evidentemente. O que Deus condena não são as coisas boas em si, pois Ele não é sádico nem quer filhos masoquistas. Deus condena as pessoas acomodadas, enroscadas na sua segurança burguesa (Saint Exupéry – Terra dos Homens), pois ferem o núcleo do ensinamento cristão: a caridade.

A caridade não se acomoda porque percebe, constantemente, a presença do irmão necessitado – seja de pão, seja de atenção. No dizer de Bernanos, o homem precisa mais de vinho do que de pão (Memórias de Um Pároco de Aldeia); precisa mais de um sonho do que da dura realidade; precisa mais da amizade do que da fria previdência.

Não é outro o motivo pelo qual a nossa sociedade está desta forma. A falta de caridade é responsável pelo imobilismo que contagia os brasileiros – nem todos, só 99,99%.

Por isso, não adianta reclamar da insegurança e da corrupção e ficar de braços cruzados. Saia do imobilismo e faça alguma coisa. Nâo pense em reformar o mundo nem em salvar a pátria brasileira. Veja o que pode fazer em escala pequena, na sua família, na sua vizinhança, no seu trabalho.

Se conseguir fazer algo, já terá feito bastante.

– Servo bom e fiel, porque fôste fiel no pouco, Eu serei fiel no muito… Mt 25, 23

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